Meus votos de casamento

Juntos a gente consegue tudo, né linda? Até ser elegante no clichê. Por exemplo, o de parafrasear letras de músicas. Se eu disser que ninguém sabe, mas você tem um sorriso secreto, que só eu conheço, isso é tão verdade que deixa de ser lugar-comum. Uma das maravilhas de conviver com você é saber que isso de rotina não existe: não tem um dia como o outro. Não tem dia clichê. Essa jornada não é só uma aventura, é um show de rock. A Rock Show.

E aí, quando fico pensando sobre amor e sobre como as pessoas definem esse sentimento desde o início dos tempos, eu sinceramente não consigo, nunca consegui, compreender sentido naquilo. Nesse amor das novelas, dos filmes e dos contos.

Até viver esse amor. Porque foi com você, Linda, que eu aprendi o que ele é. É fácil. É saber que você tem mais de 600 sorrisos, e saber o que significa cada um. É fazer brigadeiro e doce de coco, e comer mesmo tendo dado errado. Amor é assistir a um filme que a gente não se interessa, e depois descobrir que gosta. Ou não. Amor é almoçar pipoca, é falar besteira, é dar risada no carro e perder a respiração por causa de uma piada ruim. Amor é saber que a graça não era da piada para começo de conversa, mas da piadista.

Só que isso é muito fácil. É a parte boa. E, se fosse só isso, todo mundo teria um pouquinho de amor como o que a gente tem.

Acontece que amor não é mágica. Ele é o que está por trás dela. Acontece nos bastidores. É a dor de sentir a dor do outro. É tentar de tudo, tudo MESMO para amenizar essa angústia – até contar, esperando ver ao menos um risinho, na sala de espera do pronto socorro, como o Majin Boo lambeu os pudins para não dividir com o x.

O amor é não saber o que fazer, e fazer mesmo assim. É não ter os recursos, é não enxergar uma solução, mas encontrar sabedoria nas palavras de Rocky Balboa, sentados no banco da cozinha, e apoiar um ao outro para que a gente possa construir uma solução. Acho que é um pouco isso: o amor não é algo que aparece diante de nós, mas sim algo que a gente cria, cultiva e nutre. Juntos.

Como quando você ficou, várias vezes, acordada comigo enquanto eu precisava trabalhar até tarde. Como quando você chorou a minha dor, mesmo quando causada por outras pessoas ou circunstâncias. Como quando você moveu mundos e fundos para me trazer de volta para ver minha avó pela última vez, a um oceano de distância, e deu nela o meu último beijo quando eu não pude dar.

É, amor também é dor. Dor de beijo no corredor, no dia de você ir pro Chile pela primeira vez, e de a gente se abraçar e soluçar porque tinha caído a ficha de que ficaríamos longe por 2 longos meses. Acho que nunca te contei, mas esse foi o dia – o momento – em que eu decidi que te pediria para se casar comigo, embora eu já viesse namorando essa ideia há tempos.

E me intriga muito quando vejo as pessoas que dizem se entediar pela rotina de um relacionamento longo, porque taí algo que eu desconheço. O espetáculo muda a cada nova exibição quando você dirige. E fica melhor e mais emocionante a cada dia, até quando a gente não tem nada para fazer, mas tem um ao outro.

Engraçado, porque mesmo que na minha cabeça e no meu coração tudo aconteceu primeiro. Para mim, a gente já namorava antes de você me pedir em namoro. Já éramos noivos antes do pedido de casamento (lembra do trote do sequestro?). E hoje, parece que sempre fomos casados. A gente se conhece tanto, que parece que foram 8 décadas. Ao mesmo tempo, é tudo sempre tudo tão novo que parece que acabou de começar.

Você é demais, Linda. Nas suas próprias e acuradas palavras, é MARAVILHOSA. Você faz da sua vida uma obra-prima. Você não vive, transborda. E você vai viver para sempre. Na sua arte, nas suas palavras que ganham o mundo. E que palavras! Delas, que durarão uma eternidade, é uma honra muito grande poder ser o primeiro leitor. Você é para mim e é para todos, é a melhor amiga de uma multidão. É a minha melhor amiga. A melhor companheira.

A pessoa mais incrível que eu já conheci, que me faz perguntar que sorte eu mereço por ter me escolhido para caminhar com você. É um privilégio grande demais testemunhar tão de perto a sua existência neste mundo, que nunca mais será o mesmo. E a culpa é sua.

Eu poderia trazer mais um clichê e dizer que quero te fazer feliz. “Feliz para sempre”. Mas isso é impossível porque você não precisa de nada, nem de mim, para ser feliz. O que, eu juro, aqui, é dedicar todos os meus dias a deixá-la ainda mais feliz. E colorir seus dias como você colore os meus. Quando você acorda, quando você olha para mim, quando você prepara o meu café para eu não ir trabalhar com fome, quando você me espera à noite para assistir Full Metal, Dragon Ball e/ou irmão do Jorel, e às vezes dorme. Tudo isso que parece detalhe, mas que é tudo. Tudo.

Hum. Quando a gente se conheceu, e tirou aquela foto do lado da placa na beira da estrada a caminho de Brasília, quem é que podia imaginar onde tudo isso ia dar? Cara, que sorte eu tenho!

Porque, no dia mais claro, na noite mais densa, todo o amor florescerá ante a nossa presença. E todo aquele viver testemunhará A felicidade que esse amor nos trará. Juro que dedicarei toda a minha vida à tarefa de construir o nosso lar, a nossa estrada, o carinho e a companheirismo. E meus filhos e os filhos de meus filhos me perpetuarão.

Obrigado por hoje. Obrigado por todos os dias de “rotina”. E, se forem qualquer coisa como os últimos 8 anos, que venham logo os próximos 80. Porque eu mal posso esperar para continuar a viver tudo isso com você.

Te amo.


Os votos da Laís podem ser lidos aqui, no Literama.

Lila & Dan

About Dan Aroeira

Criador do Samurai Boy, coautor de Mandinga e Alynna. Ilustrador profissional, diretor de arte e professor de artes visuais na PUC-MG e na Universidade Fumec.
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Creator of Samurai Boy, co-author of Mandinga and Alynna. Professional illustrator, art director and visual arts professor at PUC-MG and Fumec University.

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